sábado, 12 de março de 2011

Agora a moda é repatriar

Na tarde desta sexta-feira, 11 de março, a torcida são paulina recebeu uma excelente notícia vinda da diretoria. O clube tinha assinado contrato de quatro anos com um dos maiores ídolos e artilheiros da sua história, Luís Fabiano. Claro, não foram poupados esforços para trazê-lo e cerca de 20 milhões de reais foram pagos. Esse é apenas mais um capítulo de uma história que vem sendo escrita no futebol brasileiro há alguns anos: a repatriação de jogadores que fizeram sucesso aqui no país e no exterior.

Luis Fabulano voltará a vestir a camisa tricolor
Parece que o Brasil virou a solução de vários boleiros que se não se adaptaram ou se cansaram do estilo rigoroso da Europa e de outros continentes pelo mundo. No país do futebol pentacampeão mundial, onde há um carinho – e cobrança – diferente e mais exagerado da torcida, cartolas que fazem vista grossa e concedem regalias para os medalhões da equipe, possibilidade de ficar próximo da família e amigos, ótima remuneração e principalmente, chances maiores de vestir a camisa da Seleção Brasileira, é o destino certo para os jogadores que desejam dar a volta por cima na sua carreira ou simplesmente ter uma aposentadoria bastante confortável.
Em 2008, um artilheiro bastante conhecido passou por aqui e deixou sua marca. Após um declínio na sua carreira e o fracasso na Copa de 2006 pela seleção, o São Paulo resolveu investir em Adriano, e, mesmo não ganhando nenhum título, fez com que ele voltasse a vestir a camisa da Canarinho e deixou bons indícios dessa moda que se alastraria em menos de um ano.
Ronaldo teve um começo avassalador
no Corinthians
Para alguns, porém, o marco inicial dessa história tem o primeiro capítulo escrito na volta de Ronaldo ao Brasil, fechando contrato milionário com o Corinthians, em 2009. Com a transferência do Fenômeno, o maior artilheiro de todas as Copas do Mundo, empresários e dirigentes perceberam que mesmo arcando com altos salários, repatriar algum jogador – de preferência que tenha um histórico glorioso na equipe ou que adquiriu o status de craque ao decorrer da carreira – pode render muito para os cofres. A experiência com Ronaldo provou essa teoria e com a diretoria corintiana explorando muitíssimo bem a sua imagem, trouxe mais torcida e dinheiro para o clube, além de um primeiro semestre espetacular para o time do Parque São Jorge dentro de campo, ganhando o Campeonato Paulista de forma invicta e a Copa do Brasil, com o camisa nove sendo o principal atleta desses títulos. Iniciou-se assim uma história de alegrias e tristezas para o futebol brasileiro com personagens bastante importantes...
Na véspera da Copa do Mundo de 2010, vários jogadores perceberam que a última cartada para conseguir ser convocado por Dunga seria atuando no Brasil, o que motivou a volta de vários jogadores, como as dos atacantes Fred, do Lyon para o Fluminense, Adriano, na sua segunda passagem no Brasil, mas agora pelo Flamengo, e Vágner Love, do CSKA Moscou para o Palmeiras.
Em 2010 foi a vez de Robinho fazer sucesso e tornar-se uma das principais repatriações da temporada, jogando pelo clube pelo qual foi ídolo, o Santos. Com direito a gol de letra na sua estreia, foi decisivo para que o Peixe ganhasse o Campeonato Paulista e Copa do Brasil. Outros craques também aportaram por aqui, como Roberto Carlos, Alex Silva, Cicinho e até mesmo aqueles que já foram escolhidos como os melhores do mundo tempos atrás, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo.

Ronaldinho Gaúcho voltou para o Brasil e promete muito samba e títulos para o Flamengo
Mas ao contrário do que muitos pensam, voltar ao Brasil e jogar só com o nome não basta. Há inúmeros casos de jogadores e craques que não conseguiram emplacar sequencias de bons jogos e caíram em desgraça com a torcida e dirigentes. Keirrison, artilheiro no Coritiba e Palmeiras, após uma passagem frustrante na Europa resolveu voltar ao país e não conseguiu ser nem 10% daquilo que ele já foi um dia defendendo a camisa do Coxa, parece que não sabe mais jogar futebol. Belleti e Deco chegaram ao Fluminense no ano passado com altos salários e confiança, o resultado disso foi que mesmo com o título do campeonato nacional de 2010, os dois jogaram pouquíssimas partidas, se lesionaram e na semana passada o lateral rescindiu seu contrato com o clube, enquanto que o luso-brasileiro continua sem encantar a torcida. Entre vários outros, como Cléber Santana no São Paulo, Felipe no Vasco, Danilo no Corinthians, e Ilan Araujo no Internacional. Também não pode ser esquecida a conturbada saída de Roberto Carlos do Corinthians para o futebol russo, mesmo ele sendo escolhido como o melhor lateral-esquerdo do Brasileirão do ano passado, ficou marcado pela eliminação na Libertadores deste ano e não foi poupado pela torcida, que ameaçou de inúmeras maneiras o veterano, inclusive sua família.

Keirrison ainda não conseguiu provar o alto investimento do Santos em se futebol
Este ano não foi diferente e mais jogadores chegaram como Thiago Neves, Elano, Luís Fabuloso, e, com certeza muitos outros em breve estarão por aqui. Essa moda de repatriar jogadores, se muito bem feita, traz ótimas receitas e resultados para o clube, dentro e fora de campo. Abre-se assim um leque enorme para exploração da imagem do atleta, projetos para agregar ainda mais os torcedores que com certeza desejarão assistir a esses craques nos estádios e a parceria de clubes com empresas. O futebol no Brasil mudou de uma forma surpreendente, como eu havia explicado na minha última postagem no blog, e essas repatriações tendem a crescer cada vez mais. Há jogadores que preferem segurar mais um pouco a sua ida para o exterior para ter a possibilidade de jogar ao lado de algum craque ou ídolo que decidiu voltar para cá...

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